A importância da Frente Feminista Casperiana Lisandra no ambiente acadêmico e no empoderamento das mulheres.
Por Débora Lima e Sofia Rossas
A Frente Feminista Casperiana Lisandra é um coletivo criado em 2013 por um grupo de estudantes da Faculdade Cásper Líbero, que, após o evento Semana de Mulher e Mídia, organizado pela própria faculdade, viram a necessidade de criar uma rede de mulheres para discutir temas do universo feminino e como combater o machismo e a misoginia no ambiente acadêmico e fora dele.
Para falar sobre o feminismo e o emponderamento das mulheres, o grupo de ação da Lisandra, composta por doze meninas, organiza as reuniões semanais – que acontecem todas as quintas às 17h30, no Centro Acadêmico Vladmir Herzog -, e as reuniões auto-organizadas (só para mulheres), que ocorrem a cada quinze dias. Além disso, o GA, como se autointitulam, é responsável pela produção de conteúdo da página da Frente Feminista Casperiana Lisandra e pela moderação de um grupo no Facebook, onde muitas meninas desabafam e pedem opiniões sobre temas polêmicos.
“Lisandra significa aquela que liberta”, diz Beatriz de Paula, uma das mulheres do Grupo de Ação da FFCL. Ela conta que o intuito do coletivo é acolher e emponderar as meninas sem impor nenhum tipo de vertente ou viés político. “A Lisandra é um espaço de construção e um pontapé para as meninas encontrarem o que faz sentido para elas. Posteriormente, elas podem encontrar ou não uma militância com a qual elas mais se identificam.”
Beatriz diz que o coletivo possui duas funções fundamentais: plantar uma semente de emponderamento nas mulheres e incomodá-las para que a desconstrução de pensamentos impostos pela sociedade sejam cada vez menos pertencentes ao mundo dessas garotas. Desta forma, a FFCL está cada vez mais presente no dia-a-dia das estudantes, fazendo com que termos e situações machistas ouvidos e praticados dentro e fora do ambiente acadêmico não sejam mais aceitos. “Ter a Lisandra aqui aumentou muito mais a consciência de que essas meninas tem voz.” – diz Beatriz de Paula.
A Frente está cada vez mais presente na Cásper Líbero. O diálogo entre a Lisandra e os espaços dentro da academia, como com a Atlética Jesse Owens, fazem com que o machismo seja cada vez menos aceito no ambiente casperiano. Além disso, a Lisandra virou referência e é muito citada pelos professores durante as aulas. A organização da Semana de Mulher e Mídia também passou a ser feita totalmente pela Frente.
Uma das principais preocupações da FFCL é quebrar o estigma de que só existe uma vertente de feminismo e um modelo certo a ser adotado. Mesmo sendo um coletivo voltado para as mulheres, os homens também são bem vindos nas reuniões abertas, desde que saibam seu lugar de fala. A FFCL dá abertura para que os garotos também possam ouvir as questões feministas, desconstruir e divulgar a importância de um mundo mais igualitário e menos misógino.
Já que a Cásper Líbero é majoritariamente composta por alunas mulheres, segundo Mariana Gonzalez, Naiara Albuquerque e Paula Calçade, todas participantes do grupo de ação da Frente, a Cásper ideal seria uma faculdade com mulheres a frente dos cargos mais representativos na instituição de ensino, como as coordenadorias de curso e a diretoria. Além disso, Naiara também cita a questão dos professores levarem em conta a importância de usar gatilhos durante as aulas ao falar de termos ou assuntos que possam deixar as alunas desconfortáveis. Paula, pede que os professores deem voz as alunas e levem a discussão de gênero para as aulas. Em conjunto, elas demandam a compreensão e o apoio das outras instituições dentro da faculdade para que menos assédios ocorram durante as festas acadêmicas, os trotes no início do ano e também dentro e fora das salas de aula.