Cásper inclusiva: ambiente para alunos com deficiência

Por Giuliana Saringer e Juliana Santos, 3º JO A

Aconteceu no dia 16 de maio, na sala Aloysio Biondi da Faculdade Cásper Líbero, a palestra sobre direitos das pessoas com deficiência no Brasil. Ministrada pela professora Liliane Garcez, o encontro levantou questões como a importância de uma educação inclusiva para os estudantes com impedimentos no ambiente acadêmico. Garcez é  Doutoranda na Faculdade de EducaçãoWordItOut-word-cloud-1691108 da Universidade de São Paulo (USP), mestre na mesma faculdade e trata de temas como práticas inclusivas, diversidade em sala de aula e construção coletiva do conceito de inclusão. As falas da especialista trouxeram à tona um tema relevante dentro da Faculdade Cásper Líbero: qual o sentimento dos alunos com deficiência em relação a esse ambiente?

Marina Yonashiro, estudante do terceiro ano de jornalismo e pessoa com deficiência visual, conta que se sentiu acolhida pela instituição a partir do momento do vestibular, seu primeiro contato com a faculdade, e, desde então, sentiu que seria uma convivência agradável. A coordenação de vestibular ficou um pouco perdida no início, mas deu à Marina a oportunidade de fazer a prova em um computador, um ganho enorme, já que na Fuvest e no ENEM, tidos como referência para inclusão de pessoas com esse tipo de impedimento, não há essa possibilidade. Além disso, um funcionário ficou responsável por acompanhar Marina durante a prova.

Depois da ótima primeira impressão, algumas questões foram decepcionantes e outras, surpreendentes. Dentre os professores, alguns demonstram muita boa vontade e procuram ajudá-la no que é possível, enquanto outros, talvez por falta de informação, deixam de lado a história de Marina e pensam nela simplesmente como alguém que não enxerga, segunda relatou. “Houve professores muito abertos e dispostos a aprender comigo e a aprender a me ensinar”, explicou. Já no primeiro ano, o então coordenador do curso de Jornalismo, professor Carlos Costa, enviou um e-mail ao corpo docente frisando a necessidade de um cuidado e atenção com a estudante. Ela prefere lembrar os professores uma semana antes das provas para que tragam sua prova em um pen-drive. Apesar da insistência, Marina garante que não há grandes barreiras na hora de fazer trabalhos, provas e demais atividades propostas em sala.

Apesar do cuidado por parte dos docentes, Marina se vê deixada de lado pelos colegas. No trajeto da estação de metrô ao prédio da faculdade, cerca de duas quadras e meia, Marina necessita de ajuda para atravessar a rua, e não sente que os alunos a apoiam. “Sinto um ambiente hostil, a Cásper está formando comunicadores que não me enxergam”, contou. A educação inclusiva abrange uma série de componentes, desde a infraestrutura do local de estudo, que não deve ter nenhuma barreira para o estudante com deficiente, até o transporta até esse lugar, por exemplo. Assim sendo, a questão colocada por Marina envolve o conceito.

Segundo a Cartilha de Educação Inclusiva produzida pela Secretaria de Educação Especial do Ministério da Educação, a escola inclusiva é aquela na qual o aluno é “sujeito de direito e foco central de toda ação educacional”: há de se garantir sua caminhada no processo de aprendizagem e de construção das competências necessárias para o exercício pleno da cidadania. A escola inclusiva conhece cada aluno, respeita suas potencialidades e necessidades e a elas responde, com qualidade pedagógica.

Ainda segundo esse documento, assegurar a todos um bom atendimento, desde o aprendizado até a ida à escola, é uma forma de incluir. Não fazê-lo, pelo contrário, é uma atitude discriminatória, que perpetua a marginalização dessas pessoas. Cada estudante torna-se um cidadão e ator social, por isso desmistificar o preconceito desde a escola é um passo importante para educar a sociedade acerca das questões das pessoas com deficiência.

A coordenadora de cultura geral da instituição, professora Sonia Castino, frisa que a Fundação Cásper Líbero preza pela necessidade de conviver com o diferente para aprender e crescer. Para ela, mais do que uma lei ou obrigatoriedade de receber pessoas com deficiência no ambiente acadêmico, trata-se de uma filosofia casperiana. “Observo na Fundação uma postura de acolhimento. Temos funcionários com deficiências, seja na faculdade, seja na rádio, então existe uma preocupação que vai além do que é obrigatório”, disse. Ela nota que foi a partir da convivência que a marginalização das pessoas com deficiência foi reduzida dentro da instituição.

Para ela, entretanto, não basta a boa vontade e os braços abertos para lidar com essa questão. Mais do que a lógica de tentativa e erro, é necessário que haja um respaldo profissional para que os professores e funcionários aprendam a lidar com alunos e colegas que tenham deficiências. Castino relatou que há uma demanda por parte do grupo docente para que haja uma equipe especializada em psicopedagogia para auxiliar e orientá-los nesse aprendizado.

A estudante Marina Yonashiro afirmou que acha que a faculdade está aberta às mudanças propostas pelos estudantes com deficiências (sejam visuais, motoras, mentais ou auditivas), mas as demandas desse público precedem as transformações, ou seja, eles cobram para que as coisas aconteçam, mas a partir das cobranças elas verdadeiramente se modificam.

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