Por Leonardo Moric e Lucas Sarti
A honra de defender sua faculdade em uma das maiores competições universitárias do país é uma emoção que os alunos da Cásper Líbero compartilham há muitos anos. Os Jogos Universitários de Comunicação e Artes, conhecido popularmente como JUCA, é o evento mais aguardado do ano pela maioria dos casperianos.
Na 23ª edição dos Jogos, que teve duração de 26 de junho de 2016 até 29 de junho, os alunos representaram muito bem a primeira faculdade de jornalismo do país. Com medalhas históricas como no xadrez e no rugby feminino, a Cásper mostrou que é uma faculdade que abrange e apóia diversas modalidades.
Porém, uma das conquistas mais comemoradas pelo mar vermelho que lotou as ruas, as quadras, e as baladas de Sorocaba, foi a vitória do time de futebol de campo masculino da Cásper. Após bater na trave diversas vezes, os guerreiros casperianos levaram para casa mais um título da modalidade, o que não acontecia desde 2009, e coroaram uma geração vencedora de grandes atletas.
A caminha foi suada, emocionante e de superação, já que a rotina de treinamentos costuma ser difícil para os atletas universitários, como conta André Carvalho, volante da equipe casperiana e estudante do terceiro ano de Rádio e TV.
“Treinamos toda quarta-feira depois da aula. Costumamos começar entre 23h e 23h30 e acabar 1h e pouco. Com isso, chegamos em casa umas 2h da manhã, já que o local de treinamento é longe para muitos”, declarou.
Além do esforço para participar dos treinamentos, os atletas universitários acabam abrindo mão de sua vida pessoal para ter comprometimento com a equipe, como revela Thiago Tassi, lateral-direito e estudante do terceiro ano de jornalismo.
“Tanto churrasco de família e outras coisas que temos no domingo, e acabamos indo nos jogos, mesmo sabendo que poderemos não jogar, mesmo sabendo que podemos não ser importante naquele dia, vamos. Você se sente parte daquilo, acaba participando e esse é o sacrifício. Treinar de madrugada e trabalhar cansado no dia seguinte. Deixar de ir a um monte de festas de família, ser cobrados pelos pais por só pensar no time. Seus pais começam a acostumar e veem que você não vai largar aquilo tão cedo”, disse.
O sacrifício, no entanto, é compensado pelo clima de amizade presente. “Atrapalha o trabalho, atrapalha a faculdade, a gente perde tempo de fazer atividades, mas tudo isso vale a pena. Vale a pena porque a gente tem uma família ali, somos muito unidos”, exaltou Thiago Dutra, lateral-esquerdo do time e estudante do terceiro ano de Jornalismo.
A estreia da equipe foi contra a ECA (Escola de Comunicação e Arte da USP), repetindo a estreia de 2015, quando os dois times se enfrentaram. Na ocasião, a Cásper não conseguiu furar a retranca do adversário, e venceu o jogo nas penalidades máximas. Desta vez, no entanto, o ataque casperiano não deixou barato.
A proposta da ECA era clara: recuar e apostar em um contra-ataque para surpreender a Cásper. Porém, os guerreiros da Avenida Paulista 900 ditaram o ritmo de jogo, e com menos de 10 minutos abriram o placar. Antes do final da primeira etapa, o 2 a 0 já aparecia no placar do estádio em Sorocaba.
O lateral esquerdo Thiago Dutra contou uma história curiosa. “Foi engraçado que o professor Ladá havia pedido para a gente fazer dois gols no primeiro tempo, para ter uma tranqüilidade maior”, relembrou o jogador.
Já nos 45 minutos finais, a tranqüilidade pedida pelo comandante voltou a aparecer em campo. Logo nos minutos iniciais, os guerreiros ampliaram o placar: 3 a 0. Com três gols do atacante Pedro e dois do atacante Cenoura, o time da Cásper avançou para as semifinais com uma vitória por 5 a 1.
O adversário no confronto seguinte foi a Anhembi Morumbi, time que havia batido a Cásper na final de 2014, quando venceu por 4 a 2, e que era considerado um dos francos favoritos a repetir a medalha de ouro de 2015. O temido confronto, no entanto, foi dominado pelos jogadores da Cásper, que, com um envolvente toque de bola, fizeram 1 a 0 em uma grande apresentação. Nos minutos finais, o time do Grifo até pressionou os casperianos, mas nada que preocupasse o exército vermelho, que comemorou uma grande vitória por 2 a 1, e a vaga carimbada para mais uma final.
“Foi um jogo perfeito, como o técnico Ladá definiu. Atacamos quando precisávamos atacar, defendemos quando era a hora de defender”, exaltou Thiago Dutra, que comemorou a vitória após tropeçar por diversas vezes contra o adversário. “Ganhamos da Anhembi que era nosso maior algoz, já que tinham ganhado da gente no campo em 2013 e 2014, e no futsal em 2014 e 2015. Ganhamos deles com muita facilidade na semifinal, foi muito boa a sensação”, completou.
Na grande decisão da competição, os guerreiros ficaram frente a frente com a PUC, que entrou no campeonato com um time menos badalado, mas chegou à final após eliminar o Mackenzie.
Apesar de enfrentar um adversário sem grande favoritismo, a equipe casperiana carregava o peso de gerações sem títulos no futebol de campo. “Além de ter perdido em 2014 e 2015, o que aumenta mais é que não ganhávamos desde 2009, sete anos de jejum. Supera mais de uma geração sem ganhar nada. Muitos se formaram sem ter a medalha de ouro e isso era sempre falado por ex-alunos em todas as conversas pré-Juca: ‘me formei sem ser campeão e estou aqui falando com vocês, com meus amigos, minha família’. Isso é algo bem pesado”, afirmou Thiago Tassi.
André Carvalho também comentou a pressão. “O principal ponto que a gente sofria era o psicológico. De chegar na hora do jogo e acabar não tendo o preparo emocional que acaba sendo muitas vezes mais importante que a parte técnica. Acho que evoluímos neste quesito”, disse.
Com um time totalmente defensivo, os jogadores da Cásper tiveram dificuldade para penetrar a boa defesa armada pela PUC.
A fumaça vermelha e branca, os gritos de incentivo, e a raça dos jogadores foram fundamentais para levar a partida para a disputa de pênaltis. “Quando o jogo foi para os pênaltis nós sabíamos que tínhamos um goleiraço, que é o Seringa. No ano passado ele já havia defendido três pênaltis, e não deu outra”, relembra Thiago Tassi.
Desta vez, no entanto, a pressão não atrapalhou. Com o apoio da torcida, e uma exibição de gala do goleiro Seringa, o time da Cásper converteu três cobranças, enquanto a PUC não acertou nenhuma, e voltou a conquistar uma medalha de ouro no futebol de campo após sete anos de muita luta, garra, suor e dedicação.
“A gente se mata de treinar, longe pra caramba, no frio, na chuva, não importa a condição. E todo esse esforço valeu a pena. Essa é a sensação que fica, de que todo o esforço que fizemos nos últimos três anos não foi em vão. É uma sensação maravilhosa, que vou sentir poucas vezes na minha vida, independentemente do ramo em que eu esteja. Não só no futebol, mas profissional, familiar, pessoal, qualquer lugar da minha vida eu não vou sentir uma sensação tão boa de alívio de ser campeão depois de sofrer três anos batendo na trave”, comemorou Thiago Dutra.
“A sensação de ter ganhado este ano, tendo em vista que 2014 e 2015 fomos vice-campeões, foi um alívio. Parece que tiramos um peso das costas. Finalmente soltamos o grito que estava entalado na garganta”, completou André Carvalho.
Mesmo não se consagrando campeão geral do JUCA 2016, todos os casperianos sempre guardarão na memória, com muito orgulho, um dos momentos mais marcantes da história da faculdade, que foi a conquista da medalha de ouro pelos guerreiros do futebol de campo da Cásper Líbero.